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Famílias resistem à ordem de despejo e contestam propriedade de terreno em Teresina

Segundo o representante da ocupação, Leonardo Bezerra, a área onde a ocupação está situada pertence à prefeitura, apesar de aparecer uma pessoa informando que seria o dono do local

Por: Redação Fonte: cidadeverde.com
15/05/2025 às 14h32 Atualizada em 16/05/2025 às 13h37
Famílias resistem à ordem de despejo e contestam propriedade de terreno em Teresina

Moradores da ocupação Marielle Franco, localizada na região do Parque Universitário, zona Leste de Teresina, receberam na manhã desta quinta-feira (15) uma ordem judicial de desapropriação das terras. Essa é a segunda vez que a ocupação, iniciada em outubro de 2024, recebe a ordem. A Polícia Militar esteve no local para cumprir a decisão, mas as famílias informaram que não iriam sair do local.

Segundo o representante da ocupação, Leonardo Bezerra, a área onde a ocupação está situada pertence à prefeitura, apesar de aparecer uma pessoa informando que seria o dono do local.

"Essa área foi cedida pela prefeitura na década de 80, e agora surgiu um documento afirmando que há um novo proprietário. No entanto, ao analisarmos o documento apresentado, constatamos que a área não pertence a esse suposto dono. Mesmo assim, a ordem de desapropriação está sendo cumprida  pela polícia", explicou Leonardo.

Cerca de 40 famílias residem na ocupação. Elas alegam que a área está abandonada e sem uso social, o que motivou o início do movimento de ocupação. O morador Moisés Dantas comentou sobre o momento em que a polícia chegou ao local para cumprir a desapropriação.

"Fomos surpreendidos hoje com essa ordem de despejo, mas vamos resistir. Estavam querendo tirar os moradores à força. Aqui temos muitas crianças e mulheres que não têm para onde ir", relatou o morador.

A ordem de desapropriação foi executada por equipes da Polícia Militar. Segundo o coordenador de mediação de conflitos da PM, Jamson Lima, esta é a segunda ordem judicial de desapropriação recebida pela ocupação Marielle Franco.

“Entendemos que se trata de uma luta social e reconhecemos os valores envolvidos nesse conflito. Mas precisamos cumprir a ordem judicial da melhor forma possível. Aqui não há criminosos, e ninguém está sendo tratado como tal. Apenas estamos cumprindo a lei”, afirmou o coordenador.

O vereador de Teresina, João Pereira (PT), esteve na Ocupação Marielle Franco para mediar a situação entre os moradores e a polícia. Segundo o vereador, o documento de desapropriação se refere a outra área, localizada na região do bairro Socopo.

"A decisão judicial determina a desapropriação de uma área na região do Socopo. Mas aqui é região do Satélite, e as informações não coincidem. Respeitamos a decisão judicial e também a presença da Polícia Militar, mas estamos questionando a situação para que a Justiça se sensibilize. Embora tenha sido apresentado um documento de desapropriação, as famílias não o reconhecem", comentou o vereador.

Primeira desocupação

No dia 30 de janeiro deste ano, a ocupação recebeu a primeira liminar de desapropriação. Segundo os moradores, a ação foi realizada sem a devida verificação da documentação do terreno. Por isso, as famílias decidiram reocupar a área no último dia 20 de fevereiro. O arquiteto e urbanista Luan Rusvell esteve no local onde a Ocupação Marielle Franco busca resolver a situação de moradia de pelo menos 66 famílias.

“Nós apresentamos uma solução para a questão da moradia aqui em Teresina, mas esperamos que a prefeitura também se posicione sobre o assunto”, concluiu o arquiteto.

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