Entre os materiais apreendidos durante operação que apura venda de sentenças judiciais, a Polícia Federal encontrou uma tabela em nome de uma organização batizada de "Comando C4", referência a "Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos". O documento estipula preços para o monitoramento de autoridades. O serviço para senadores, por exemplo, custaria R$ 150 mil e ministros do Poder Judiciário teria um custo de R$ 250 mil.
As atividades incluíam armamento pesado, como fuzis e minas, além de preços para outros trabalhos avulsos, como a locação de imóveis e até mesmo a utilização de garotas e garotos de programa como iscas e materiais de disfarce. As possibilidades de serviço ofertadas pelo grupo também envolve hackers e equipes de inteligência, reconhecimento e operações.
Venda de sentenças
A operação da PF mirou nos possíveis "mandantes e eventuais coautores" do assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto em Cuiabá em dezembro de 2023.
O advogado foi peça chave na investigação sobre um suposto esquema de venda de decisões do Poder Judiciário, descoberto inicialmente no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e depois se estendeu para o STJ. Foi a partir do celular dele que os investigadores se depararam com indícios de pagamento de propina a desembargadores e assessores de ministros do STJ.
Os agentes estão cumprindo cinco mandados de prisão preventiva, quatro mandados de monitoramento eletrônico, seis mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, além de medidas cautelares como o recolhimento de passaportes. Conforme nota da corporação, a Polícia Federal "descobriu a existência de uma organização criminosa responsável pela prática de crimes como espionagem e homicídios sob encomenda".
As ações foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, que conduz o inquérito na Corte em razão de haver citações a ministros do STJ.
Entre os alvos dos mandados de prisão, estão o fazendeiro Aníbal Moreno Laurindo que seria o suposto mandante do crime. Ele foi indiciado por homicídio duplamente qualificado pela Polícia Civil do Mato Grosso, em julho de 2024.