Vendedores ambulantes iniciaram uma nova manifestação, ateando fogo em pneus e galhos de árvores, na manhã desta quinta-feira (27) na Avenida José dos Santos e Silva, no Centro de Teresina. Os trabalhadores reivindicam contra a retirada da circulação de ônibus intermunicipal e rurais na Rua João Cabral, ao lado do Barrosão.
Segundo eles, a saída da parada do local vai prejudicar o comércio e a venda de produtos instalada na praça da Cepisa ao longo dos anos. Os trabalhadores também temem o aumento da criminalidade no local.
A Superintendência de Trânsito e Transporte de Teresina (Strans) alega que o local não funciona como parada de ônibus e que fere a lei municipal.
“A lei preconiza que os ônibus que chegam em Teresina até 85 km, tanto da BR 343 como da BR 316, eles têm uma rota para entrar em Teresina e sair e não fazer parada de ônibus como é o caso aqui. De 85 km até 100 km eles têm uma segunda rota para entrar e sair de Teresina. Acima de 100 km são obrigados ir direito ao Terminal Rodoviário. Então as empresas de ônibus que estão praticando esse Terminal Rodoviário aqui estão burlando a lei e a partir do dia 1º de março eles não vão mais poder fazer isso aqui”, explica o coronel Jaime Oliveira, diretor de operação e fiscalização de trânsito.
Mais de cinco empresas intermunicipais, além da Transcol que oferece linha a Nazária, passam pelo ponto diariamente. A Strans afirma a partir do dia 1º de março os ônibus não irão mais circular no local.
Propostas para regularização do ponto
O local que funciona há mais de 15 anos como parada de ônibus sofreu mudanças ao longo do tempo. Nos últimos dois anos, as grades que cercavam a praça localizada em frente ao ponto foram retiradas. O comércio de produtos no local cresceu e os ambulantes reivindicaram a construção de boxes na praça. Os pontos foram construídos ainda na antiga gestão municipal e banheiros foram instalados pelos próprios ambulantes. A estrutura tem beneficiado desde então os trabalhadores ambulantes, motoristas e passageiros.
Agora, com a saída dos ônibus do local, os trabalhadores ambulantes da região pedem a regularização. Morando em Teresina há 3 anos, Wellington Ramos é vendedor ambulante e sustenta sua família com a venda de alimentos. O movimento do transporte favorece a venda no local e o vendedor também teme que a saída dos ônibus da praça favoreça o aumento da criminalidade na região.
“É daqui que eu tiro meu sustento, levo o pão de cada dia, pago água, pago luz e é através dessa população que vem de fora. Dependemos deles para comprar uma água, um picolé, um sorvete. Vai cair o movimento, não vai ter gente, essa praça vai ficar deserta. Só o dia que protestamos levaram a fiação e ficamos dois dias sem energia. O que a gente pede é que tenha desembarque e embarque com fiscal”, conta.
Uma das alegações para retirada da parada do local é que os ônibus estariam levando muito tempo de pausa na praça, o que prejudica o tempo de viagem planejado. Outro ponto levantado é que a parada afeta diretamente o livre trânsito dos ônibus que fazem a linha urbana.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Transporte Rodoviário do Piauí (Sintetro) esteve na manifestação e se mostrou favorável aos ambulantes e a manutenção do local que oferece aos motoristas uma área salubre, algo determinado em convenção. Segundo o presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, o entendimento tanto do Setut quanto do sindicato é de que pode haver um acordo para circulação no local.
“ A gente quer que se organize, a própria Strans pode organizar, que eles venham e passem no máximo 10 minutos, tempo suficiente para que coma e vá ao banheiro. E aqueles que tem tempo maior de espera que vá para garagem e depois pegue o pessoal. Isso aqui melhorou, a praça limpa. Só queríamos que regularizassem. Os presidentes do Setut e intermunicipal tem esse interesse em regularizar já que não vai trazer problema nenhum para cidade, muito menos para o transporte coletivo”, finaliza.